Hoje o mundo celebra o 50º Dia Mundial do Meio Ambiente, uma data para relembrar que as ações pelo bem-estar das pessoas devem andar de mãos dadas com a preservação dos ecossistemas da Natureza. Esse espírito responsável de cuidado deve estar presente nos mais diversos setores que dependem da exploração dos recursos naturais, como é o caso da mineração.
E a boa notícia é que a mineração artesanal e em pequena escala no Brasil pode nos fornecer alguns sólidos exemplos do compromisso com a responsabilidade ambiental e de ações efetivas de redução do impacto da atividade e integração com a sociedade.
CooperPoconé e COOGAVAPE são exemplos em Mato Grosso
A Cooperativa dos Garimpeiros de Poconé (CooperPoconé), situada no município homônimo de Poconé, tem como objetivo principal prestar suporte técnico em conformidade legal (“legalização” ou “regularização”) aos empreendedores da atividade de garimpo na região, bem como a promoção do desenvolvimento socioeconômico e sustentável da comunidade local. Os associados da cooperativa trabalham em conformidade com as leis ambientais e com as normas de segurança do trabalho.
A exploração mineral se dá com ênfase na responsabilidade ambiental, com a adoção de técnicas que minimizam os impactos ambientais — inclusive uma iniciativa piloto sem o uso de mercúrio — e incluem a recuperação das áreas degradadas pelo garimpo focadas principalmente na plantação de mudas de espécies nativas, apoiadas com a construção de viveiros específicos.
O Parque Temático Beripoconé é um exemplo de iniciativa de recuperação bem sucedida da Cooper Poconé. Há pouco mais de 20 anos, existia um garimpo localizado onde é hoje o parque, que, em parceria da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, foi convertido em um equipamento público para a cidade, destinado ao lazer e recreação e ao contato com a natureza. No mesmo parque existe ainda um viveiro para atender as demandas de arborização urbana da prefeitura da cidade, para além das áreas mineradas.
Já em Peixoto de Azevedo, é a Cooperativa dos Garimpeiros do Vale do Rio Peixoto (COOGAVEPE) que tem se destacado há mais de 10 anos com projetos de recuperação ambiental das áreas degradadas pelo garimpo, como a revegetação de áreas com mudas de espécies nativas.
Além da adoção de técnicas para minimizar os impactos da mineração, sua abordagem é voltada para a recuperação das áreas impactadas para o uso agrícola, e inclui ações de conscientização ambiental junto à população, apoio iniciativas de desenvolvimento sustentável na região e a criação de cooperativas de produção agrícola.
Elisvado Gomes, técnico de mineração de ouro em propriedade associada à COOGAVEPE, que trabalha com a recuperação de áreas degradadas, conta com orgulho que “é muito satisfatório você fazer uma extração bem produtiva e depois contribuir novamente para a terra voltar a ser produtiva. Já temos algumas áreas em que foi realizada extração e que já estão recuperadas e está com lavoura. Então, é uma técnica que funciona se fizer uma recuperação bem-feita e projetada antes de iniciar a extração”.
Além disto, a Cooperativa tem seu próprio viveiro para produzir mudas para as áreas em recuperação que além de suprir a demanda de seus associados, também atente a população em geral, que pode retirar gratuitamente mudas para o plantio, e Prefeituras da Região.
No Pará diversas instituições atuam juntas para potencializar ações
No Pará, a Federação das Cooperativas dos Garimpeiros do Pará (FECOGAP), a Cooperativa dos Garimpeiros de Moraes Almeida e Transgarimpeira (COOPERTRANS), a Cooperativa do Garimpeiro Legal (CGL), a Cooperativa Mista de Desenvolvimento do Crepurizão (COMIDEC) e o Instituto Mineral para o Desenvolvimento do Tapajós (IDMTap) fizeram um esforço conjunto estimular a recuperação ambiental no rio Tapajós e procederam à soltura de 20 mil alevinos juvenis da espécie Tambaqui Amazônico, no Rio Tapajós, em Itaituba.
A iniciativa faz parte do projeto “Boas Práticas do Garimpo Legal” que já acontece com sucesso em Novo Progresso, Cachoeira da Serra, Creporizão e Morais de Almeida, localidades que tem boa parte de sua economia baseada na atividade garimpeira.
Pedro Melo, presidente da CooperTrans, afirmou que a ação mostra a importância de se trabalhar com sustentabilidade. “Uma ação como essa, de repovoamento do Tapajós futuramente vai ajudar na renda de pescadores e na recuperação da fauna do rio”, declarou na ocasião.