O Coordenador de Operações do Projeto Ouro Sem Mercúrio, Oswaldo Simonsen Nico, acompanhou no dia 24 de maio a demonstração em um garimpo de Nossa Senhora do Livramento, Mato Grosso, de um sistema de extração de ouro que não utiliza nem água e nem produtos químicos tais como o mercúrio e cianeto.
O sistema, de nome comercial “EcoGold System”, promete recuperar aproximadamente 90% do ouro livre do minério e também gerar economia para os mineradores, já que evita custos com a utilização de água e criação de barragens de rejeito, por exemplo.
Outro aspecto interessante é a possibilidade de reaproveitamento do rejeito gerado, que pode se tornar matéria-prima para outros sistemas de produção, tais como tijolos e telhas, com potencial de agregar uma fonte de renda extra para os mineradores.
Como a tecnologia funciona
Nico explica tecnicamente que o sistema consiste na aeroclassificação de um concentrado pré-existente.
O processo inicia com a secagem do concentrado obtido de forma tradicional (tapetes, centrífugas, etc) e sua separação por peneiramento em 5 faixas granulométricas com dimensões de partícula entre 140 e 260 Mesh.
O material passa então para torres de aeroclassificação compactas que usando sopradores adequadamente dimensionados para separar o ouro, mais pesado, das demais partículas, gerando um “superconcentrado de ouro”, que pode ir direto para o processo de purificação.
As torres de aeroclassificação são ajustáveis para cada faixa granulométrica, permitindo trabalhar na faixa mais adequada ao minério disponível, aumentando a eficiência do processo.
Todo o processo se dá em sistema fechado e o seu rejeito é um pó muito fino, que pode ser utilizado em diversas aplicações, inclusive como insumos para cerâmica e agregados da construção civil.
O equipamento testado trabalha em bateladas de 500kg/h e ocupa um espaço bastante reduzido, podendo ser ampliado de forma modular.
O que vem a seguir
O Projeto Ouro Sem Mercúrio coletou amostras pra realização do balanço de massa do processo apresentado para determinar a sua eficiência em termos de extração de ouro. Este parâmetro e outros aspectos envolvidos como custo do equipamento, consumo de energia e facilidade operacional serão analisados para identificar em quais cenários esta tecnologia poderia efetivamente substituir o uso de mercúrio no garimpo no Brasil.
O Projeto ainda analisará outras alternativas tecnológicas disponíveis.