Projeto Ouro Sem Mercúrio busca engajar comunidades na busca por soluções para a redução do uso de mercúrio na atividade garimpeira.
Com o objetivo de envolver os principais atores ligados à atividade garimpeira como protagonistas na busca por soluções mais sustentáveis, a oficina “O Futuro do Garimpo”, reuniu jovens, moradores, garimpeiros e representantes de cooperativas e lideranças locais em um diálogo aberto sobre a preservação do meio ambiente e o futuro da atividade nos dias 27 e 28 de junho.
Diálogo evidenciou temas relevantes para o setor
O encontro iniciou com reflexões sobre o relacionamento entre o garimpo, a sociedade e as instituições governamentais.
Os participantes compartilharam suas preocupações em relação ao isolamento, à falta de respaldo político e à ausência de representação efetiva para os garimpeiros, ao mesmo tempo em que destacaram exemplos de organização e o apoio recebido por outros setores organizados, como o agronegócio, ressaltando a falta de estrutura semelhante para a mineração artesanal.
“Essa estrutura da oficina permitiu um envolvimento ativo dos participantes, estimulando o debate construtivo e a reflexão sobre o futuro do garimpo, levando em conta tanto os desafios quanto as possibilidades de transformação para sustentabilidade dessa atividade”, explicou Araujo.
Temas como a regularização fundiária, o cooperativismo, a burocracia e a relação com órgãos governamentais de fiscalização e monitoramento foram apontados como relevantes. A necessidade de atuação conjunta da Agência Nacional de Mineração (ANM) e do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) foi um dos pontos mais debatidos, com ênfase na importância da regularização fundiária para a legalização da atividade.
O uso do mercúrio na extração de ouro gerou opiniões divergentes, com algumas pessoas afirmando que é possível realizar a extração sem a utilização do metal, enquanto outras expressaram preocupação com os impactos negativos desse elemento na saúde e destacaram a necessidade de buscar alternativas para reduzir seu uso.
“Os participantes revelaram consciência acerca dos riscos à saúde pela utilização do mercúrio na produção. Inclusive, o grupo apontou caminhos entendendo que é possível ajustar o modo de produção de ouro para reduzir a utilização do mercúrio e o modo de uso para minimizar esse risco”, conta a antropóloga Déborah Goldemberg.
Equipe também conversou com estudantes
No dia anterior à oficina com garimpeiros e comunidade envolvida no setor, a equipe do projeto teve a oportunidade de conversar com os estudantes da escola local e conhecer um pouco da visão que os jovens têm sobre o futuro da comunidade e do garimpo.
O bate-papo mostrou que o embrião da sustentabilidade já faz parte do cotidiano das famílias garimpeiras, transparecendo nos posicionamentos dos estudantes filhos de garimpeiros, que “demonstraram grande preocupação em conciliar a atividade garimpeira com a preservação do meio ambiente, principalmente no que diz respeito ao tema da recuperação e reflorestamento de áreas garimpadas” conta a antropóloga Débora Goldemberg.
Apoios foram essenciais para realização das atividades
As oficinas fizeram parte da segunda campanha de campo do projeto Ouro Sem Mercúrio, realizada no estado do Pará. Entre os dias 20 de junho e 1º de julho foram visitadas as localidades de Itaituba, Morais de Almeida, Jardim do Ouro, Novo Progresso e Creporizão. O apoio de organizações locais foi fundamental para conhecer a realidade dos garimpos e mobilizar a comunidade a participar dos encontros e responder à pesquisa científica.
O projeto agradece o apoio do Instituto Mineral para o Desenvolvimento do Tapajós (IDMTap), da Federação das Cooperativas dos Garimpeiros do Pará (FECOGAP), da Cooperativa dos Garimpeiros de Moraes Almeida e Transgarimpeira (COOPERTRANS), da Cooperativa Mista de Desenvolvimento do Creporizão (COOMIDEC) e da Escola Municipal de Ensino Fundamental Ieda Maria Gomes Barbalho.