Chegamos ao Rio Madeira: Rondônia e Amazonas serão visitados nessa etapa de campo
O Projeto Ouro sem Mercúrio volta a campo com visitas técnicas aos Estados de Rondônia e Amazonas. A missão ocorre de 10 a 14 de setembro em Rondônia e de 15 a 22 de setembro no Amazonas, com uma série de ações destinadas a coletar dados e promover o debate sobre o uso do mercúrio e a sustentabilidade do garimpo de ouro.

Equipe do projeto realizou testes com apoio de funcionários da COOGARIMA
As atividades previstas incluem a inspeção de frentes de lavra subaquáticas em produção, entrevistas com proprietários dessas frentes, coleta de amostras para balanço de massa e testes de mercúrio no ar. Além disso, a equipe do projeto está conduzindo entrevistas com mineradores e lideranças locais, incluindo representantes de postos de compra de ouro, para entender as dinâmicas do garimpo na região.
As primeiras atividades em Rondônia estão sendo realizadas em parceria com a Cooperativa dos Garimpeiros do Rio Madeira (COOGARIMA). A equipe realizou uma reunião na sede da cooperativa para apresentar o projeto e discutir suas implicações. A cooperação com as organizações garimpeiras e outras partes interessadas têm sido fundamental para o sucesso do projeto e contribui para o estabelecimento de um ambiente de confiança essencial para a construção de um plano de ação viável.
O presidente da COOGARIMA, Fagno Brito Bernardo, destacou que considerou o projeto muito interessante e que a equipe estabeleceu com eles um elo de confiança. “A princípio, assim como tudo que é novo, ficamos preocupados, mas no decorrer da apresentação e dos dias, é que vimos que realmente o foco da pesquisa é voltado ao Mercúrio. Tudo que é novo envolvendo a parte de garimpo, sempre ficamos preocupados quando vem pessoas de fora pra dentro de casa”, relatou Bernardo. “Eu recomendo que outras cooperativas, outros órgãos específicos que recebam o projeto para apresentar a atividade, a forma que trabalham, isso aí vai ser muito interessante para a nossa classe de mineradores”, declarou.
O Coordenador de Atividades de Campo, Carlos Henrique Araújo Xavier, destacou o engajamento da comunidade garimpeira na busca de alternativas ao uso de mercúrio.
“Quero agradecer à COOGARIMA pelo apoio fundamental que está dando as atividades de campo e dizer que estamos felizes por termos conseguimos estabelecer uma relação muito produtiva e agradável, demonstrando a importância de unirmos os esforços em busca de alternativas ao mercúrio.

Garimpeiros em uma das etapas da extração de ouro
Essa cooperação certamente trará bons resultados ao projeto. Entrevistas detalhadas foram conduzidas com operadores, donos de dragas e gerentes, mas o destaque crucial foi a participação ativa dos próprios operadores da cooperativa nos testes realizados. Essa curiosidade e engajamento visíveis ressaltam a importância das boas práticas e o desejo de avançar na redução, e até mesmo na eliminação, do uso de mercúrio na mineração. Além disso, a possibilidade de continuar os testes em paralelo às atividades demonstra a união de esforços e o diferencial desta parceria”.
Cooperação com as Universidades locais também é essencial para a construção de um futuro melhor

Equipe de campo do projeto conta com apoio de profissionais da Universidade Estadual do Amazonas, entre elas a professora Marta Pereira.
Além da excelente receptividade da comunidade garimpeira em Rondônia, a campanha de campo no Rio Madeira foi premiada com a colaboração direta com a equipe do “Projeto Ochroma”, e a companhia em tempo integral da Profª. Marta Pereira, botânica da Universidade do Estado do Amazonas – UEA, uma das coordenadoras dessa inciativa.
O Projeto Ochroma possui o apoio do Governo dos Estados de Rondônia e do Amazonas por meio da Fundação de Amparo ao Desenvolvimento das Ações Científicas e Tecnológicas e à Pesquisa do Estado de Rondônia – FAPERO e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas – FAPEAM, conjuga esforços da Universidade Federal de Rondônia – UNIR, da Universidade do Estado do Amazonas – UEA e de pesquisadores ligados ao Instituto Militar de Engenharia – IME e a Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, e tem por objetivo avaliar o potencial biotecnológico do uso do pau-de-balsa (Ochroma pyramidae) para substituir o mercúrio na extração do ouro.
A colaboração com a equipe do Projeto Ochroma nesta campanha de campo potencializará a interação com as comunidades locais e permitirá à equipe do Projeto Ouro Sem Mercúrio observar em primeira mão alguns testes com essa possível alternativa biológica que pode ter um papel determinante para a redução gradativa do uso de mercúrio no garimpo no Brasil.