A Exposibram 2024, realizada entre os dias 9 e 12 de setembro, foi palco de debates importantes sobre o futuro da mineração no Brasil. A certificação para a pequena e média mineração ganhou destaque, refletindo a crescente demanda do mercado consumidor por práticas mais responsáveis e sustentáveis.
O professor Giorgio de Tomi, coordenador técnico do projeto Ouro Sem Mercúrio, atuou como moderador no painel “Modelos de Certificação para Pequena e Média Mineração”, no dia 12. Em sua intervenção, Tomi enfatizou a urgência de se adotarem modelos de certificação que não apenas legitimem as operações mineradoras, mas que também promovam a responsabilidade socioambiental e a sustentabilidade no setor.
“É essencial que as cooperativas e empresas de mineração incorporem práticas sustentáveis em suas operações. A certificação não é apenas um selo; é um compromisso com a sociedade e com o meio ambiente”, afirmou o professor. Ele destacou o trabalho do projeto Ouro Sem Mercúrio que investiga caminhos para a mineração artesanal e em pequena escala de ouro que eliminem ou reduzam o uso de mercúrio, minimizando assim os impactos ambientais e riscos à saúde, no âmbito do compromisso do Brasil junto à Convenção de Minamata sobre Mercúrio.
O painel trouxe, ainda, a contribuição de Alex dos Santos Macedo, coordenador de Meio Ambiente no Sistema OCB, que salientou a importância das cooperativas minerais na formalização e apoio aos garimpeiros. “As cooperativas oferecem suporte jurídico e técnico, melhorando a eficiência dos processos de lavra e minimizando impactos ambientais”, afirmou Macedo, ao destacar os critérios de certificação CRAFT. A adoção de padrões como os critérios CRAFT permite que mineradoras operem de acordo com diretrizes internacionais, atendendo às expectativas de mercados cada vez mais exigentes.
Macedo também alertou sobre a falta de integração e coordenação entre os diversos atores envolvidos no avanço da rastreabilidade do ouro extraído de garimpos, incluindo ministérios e órgãos governamentais. “Há uma necessidade urgente de políticas públicas que incentivem a evolução do setor, com suporte institucional, crédito e incentivos justos para aqueles que cumprem as normas”, destacou. Ele reforçou ainda a importância de premiar os garimpeiros que operam dentro da legalidade, evitando que a falta de incentivos os empurre para a informalidade ou o crime organizado. “O futuro da mineração responsável depende de ações coordenadas, regulamentação clara e um sistema de incentivos justo”, concluiu.
Lorena Botero, especialista em garantia de qualidade na Alliance for Responsible Mining (ARM), e Eduardo Gama, CEO da CERTMINE/MINERY, também compartilharam suas visões sobre a importância da rastreabilidade na cadeia produtiva mineral e as tendências globais de certificação. Mauricio Favacho, geólogo e coordenador do programa “Green Gold” da Secretaria de Mineração do Amapá, trouxe exemplos de sucesso locais na implementação de práticas sustentáveis.
A crescente conscientização dos consumidores globais, que exigem transparência e práticas éticas na origem dos produtos, tem impulsionado a relevância da certificação no setor mineral.